“Escolher a IA não adequada é como usar o martelo quando você precisa de um alicate”, alerta o Dr. Davi Ferreira Soares

foto-home-site

As múltiplas aplicações da inteligência artificial na medicina foram destaque no 3º Congresso de Medicina Geral da AMB, em uma mesa-redonda que uniu especialistas para discutir o impacto presente e futuro da tecnologia na prática clínica. O debate abordou desde o uso da IA generativa além do ChatGPT até o papel dos assistentes virtuais e a integração entre dados clínicos e algoritmos inteligentes. A coordenação foi do Dr. Antonio Carlos Endrigo, diretor da APM e presidente da Comissão de Saúde Digital da AMB, e do Dr. Enrico Stefano Suriano, da Comissão Nacional do Médico Jovem da AMB.

A discussão evidenciou que a incorporação estratégica da IA pode otimizar diagnósticos, personalizar tratamentos e ampliar a eficiência do atendimento — sem substituir a sensibilidade humana essencial à medicina.

O painel começou com o Dr. Davi Ferreira Soares, médico e engenheiro de IA na Voa Health, que explicou de forma didática o funcionamento da IA generativa e suas aplicações em bioinformática, simulação de ensaios clínicos, diagnósticos por imagem e automação de documentos — área que consome cerca de 50% do tempo médico. Ele também alertou para os riscos das “alucinações” de IA e o mau uso das ferramentas: “Escolher a IA errada é como usar um martelo quando se precisa de um alicate”.

Em seguida, o Dr. Paulo Salomão, do HL7 Brasil, detalhou a importância da padronização e do uso ético dos dados clínicos, destacando como a IA pode integrar e personalizar a jornada do paciente. Já o Dr. Matheus Feliciano da Costa Ferreira trouxe reflexões sobre o “paradoxo da colaboração” entre médicos e sistemas inteligentes, ressaltando que o sucesso dessa parceria depende de preparo técnico, senso crítico e responsabilidade ética.